Compliance na moda: um pilar estratégico para marcas éticas e sustentáveis
- Carolina Lago Advocacia

- 31 de out.
- 2 min de leitura
O conceito de compliance — do verbo inglês to comply, que significa “agir em conformidade” — vem ganhando espaço no setor da moda, especialmente diante da crescente preocupação com práticas éticas, sustentabilidade e responsabilidade social.
No contexto jurídico, o compliance representa o conjunto de normas, políticas e condutas que asseguram que uma empresa opere dentro da legalidade, prevenindo infrações e fortalecendo a credibilidade institucional.
Na moda, o compliance atua como um escudo preventivo, garantindo que todos os elos da cadeia — do design à produção e à venda — estejam em conformidade com as leis e princípios éticos.
Isso inclui:
cumprimento das leis trabalhistas e ambientais;
combate à exploração de mão de obra e trabalho análogo à escravidão;
respeito à propriedade intelectual e aos direitos de imagem;
adoção de práticas anticorrupção e de transparência contratual;
verificação da origem e rastreabilidade dos materiais usados na produção.
Esses cuidados não apenas evitam sanções legais, como também reforçam a imagem de responsabilidade corporativa — um valor cada vez mais exigido por consumidores e investidores.
O principal marco normativo é a Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), que prevê responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas por atos lesivos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
O Decreto nº 8.420/2015, que regulamenta a lei, reconhece expressamente os programas de integridade como fator de atenuação de penalidades.
Além disso, princípios previstos no Código Civil (arts. 421 e 422) e na Lei das Sociedades Limitadas (Lei nº 10.406/2002) reforçam o dever das empresas de agir com boa-fé, transparência e observância à função social da atividade empresarial.
No universo da moda, esses princípios ganham contornos próprios:
evitar contratos abusivos com fornecedores;
promover a igualdade nas relações trabalhistas;
garantir a veracidade das práticas sustentáveis divulgadas (greenwashing prevention).
Adotar uma política de compliance não é apenas cumprir a lei — é proteger o valor da marca. Em um mercado em que a reputação se constrói (ou se destrói) com um único post, prevenir-se juridicamente é essencial. Além de evitar litígios e multas, o compliance melhora a gestão interna, aumenta a confiança de investidores e consolida a marca como ética, transparente e confiável.
Uma assessoria especializada em Direito da Moda auxilia na criação de políticas internas, análise de contratos, gestão de riscos reputacionais e conformidade com normas ambientais e trabalhistas. A implementação de um programa de compliance eficaz começa pela consultoria jurídica preventiva, que adapta o modelo à realidade e cultura de cada marca.
Em resumo, compliance é um investimento em credibilidade e longevidade no mercado da moda — o que diferencia marcas passageiras de negócios sólidos e conscientes.




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